É normal a todo mundo os momentos de dúvidas. Às vezes,
achamos que é preciso estar completo para nos sentirmos felizes. Mas, talvez, a
felicidade seja a imperfeição. Não termos tudo que gostaríamos nos impulsiona a
olhar com mais atenção àquilo que já temos. E mesmo que nossos planos ainda não
foram concluídos, aprendemos a valorizar as nossas conquistas até agora.
O problema é que estamos sempre sendo questionados. A
própria sociedade nos cobra o tempo todo. Se você já se formou, agora tem que
arrumar um bom emprego. Se já está empregado, agora precisa casar. Se já casou,
está na hora de ter filhos. Agora que tem filhos, eduque-os bem, para cumprir o
mesmo papel social traçado por você. Não importa o que você faça, mesmo se bem
feito, quase sempre estarão lhe cobrando pelo que você ainda não fez.
Enquanto dermos muita importância para o que os outros acham
da nossa vida, realmente a felicidade será a ideia de completude. Porém, ser
feliz é um estado de espírito; é confiar mais nas suas próprias escolhas do que
nas expectativas dos outros em relação a você.
Depois que reconhecemos nossos reais desejos e respeitamos
nossas escolhas, o mundo fica um lugar mais fácil de viver. Nosso espírito
gentil e mais relaxado transforma pequenas coisas em um estado de alegria. Dar
a passagem para alguém no trânsito, dizer ‘Bom Dia’ a um desconhecido e ajudar
um idoso cansado a carregar a sua mala são pequenas ações que transformam tanto
quem as pratica como quem as recebe. Aquele que praticou uma gentileza sente-se
mais leve por dentro. E aquele que recebeu uma ajuda voluntária, fica
agradecido e, muitas vezes, passa outra gentileza para frente.
Então, nos emocionamos com a simplicidade da vida, em toda
sua beleza e honestidade. O que eu quero dizer é que a felicidade está nas
entrelinhas do poema que não entendemos a princípio, mas que, mesmo assim, traz
calma ao coração. É como quando fazemos nossas escolhas e deixamos a alma
aberta para o novo. O velho também entra, revigorado. Entra amor, gentileza,
alegria. Entram também as saudades. E, assim, seguimos compartilhando a luz que
encontramos pelo caminho.
Quem tem coragem de mudar é capaz de fazer qualquer coisa.
Você enfrenta o branco do papel e desafia as palavras. Mistura cores novas até
achar o tom mais certo para a sua pintura. Descobre que a inspiração acontece
por acaso e é uma coisa boa.
Não teremos mais medo de mudanças. Aliás, nosso pavor é que
as coisas nunca mudem. Isso não significa que devemos ser eternos insatisfeitos
que reclamam de tudo, não é isso. Só precisamos perceber que, se as coisas não
estão boas lá fora, nem sempre não é por elas não serem boas, mas porque aqui
dentro ainda está tudo confuso. Não adianta procurar felicidade se o nosso
olhar ainda não se transformou de dentro para fora.
Deve ser esse o sentido da vida. Viver o dia a dia com
prazer, e não ficar pensando naquilo que não aconteceu, nos desejos que não se
realizaram. Assim, aprendemos a esperar as coisas chegarem na hora certa. E não
esperaremos parados, pelo contrário, estamos aprendendo a arte de viver. Porque
viver é confiar em nós mesmos, e apostar em nossas próprias escolhas.